Qual a razão desse nome?

Alguma vez você já se perguntou por que razão se chama o yoga de Patanjali de “clássico”? Pois é. Muita gente faz essa mesma pergunta e nem todos chegam a uma boa resposta. Mas não é assim, tão difícil entender essa denominação.

Os textos originais não utilizam esse nome quando se referem ao yoga dos sutras de Patanjali. Foi o Ocidente que criou esse rótulo, copiado da tradição greco-romana, baseado no fato de que a história do Hinduísmo se documenta melhor em textos do que em restos arqueológicos. Até princípios do século XX, quando começaram as escavações dos sítios arqueológicos do vale do rio Indo, se acreditava que a história da Índia e do Hinduísmo teria de ser construída quase que integralmente com base em documentos literários. Como esses documentos seguem padrões formalmente estruturados, ordenados, segundo a crença dos pesquisadores, numa seqüência cronológica, seria possível estabelecer uma datação aproximada para um documento a partir da análise formal de seu estilo literário.

Os nomes dados aos estilos literários, então, se tornaram uma forma corrente para designar, pela época aproximada, uma dinastia ou um objeto cultural. Teriam existido, portanto, um período “pré-védico”, anterior a qualquer manifestação literária e um período “védico”, com as primeiras composições na antiga língua dos Vedas. Depois disso houve uma movimentação visando a preservação dessa linguagem antiga dos textos sagrados que resultou na composição de um modelo gramatical cuidadosamente elaborado – que fez a língua receber o nome de “Sânscrito” (ou seja “bastante elaborado”). O período literário que se inicia nesse ponto foi batizado pelos acadêmicos de “Clássico”, e se estendeu aproximadamente da época do surgimento do Budismo até quase mil anos mais tarde, terminando com o fim da dinastia Gupta. Depois temos uma literatura medieval, que vai até o século XVIII, e uma literatura moderna a partir de então.

Os Sutras teriam sido compostos no estilo literário “clássico”, sendo essa a única razão para que sua doutrina fosse designada “yoga clássico”. Da mesma maneira temos um “yoga védico” nas upanishadas, um “yoga épico” no Mahabharata e no Ramayana, um “yoga medieval” na obra dos Nathas e um “yoga moderno” com Aurobindo e outros autores recentes.

É importante ter em mente que, apesar de receberem designações diferentes, essas diversas fontes literárias do yoga apresentam a mesma doutrina fundamental, variando apenas no estilo literário ou nos detalhes da “sadhana”, ou seja, da demonstração prática de suas teses (que em essência são exatamente as mesmas).