Professores de Yoga ou de Sânscrito têm sido constrangidos a participar do risco econômico das instituições que os convidam para dar aulas. Embora isso não faça muito sentido, essa foi a solução que muitas escolas de yoga encontraram para reduzir o impacto da falta de procura em seus cursos. Elas simplesmente fazem o professor aceitar a possibilidade de remuneração baixíssima, ou o simples cancelamento unilateral do curso, sem qualquer indenização para o infeliz.
Essa prática, que tem se tornado usual no mercado do Yoga, é particularmente perniciosa para com os professores autônomos porque compromete a agenda do profissional com datas que ficam à disposição da escola, e que, portanto, não poderão ser comprometidas com quaisquer outras atividades remuneradas. A visão do empresário (proprietário da instituição), que não quer assumir qualquer custo sem a rentabilidade mínima que atenda aos seus interesses, prevalece sobre o prejuízo inevitável do profissional, que, na hipótese de as aulas serem canceladas, fica sem remuneração alguma que compense a falta daquele pagamento.
Esse tipo de contratação apela para o extremo oposto do raciocínio para parecer justo e interessante, ou seja, se o evento for um sucesso e houver muitas inscrições, o profissional vai receber muito mais por aquela atividade. Isso faz o pacto soar como se fosse preenchido pelo espírito cooperativista. Ainda que possa parecer justo quando colocado dessa maneira, tendo em vista as condições adversas do mercado de trabalho, o pacto do “convite de risco” apenas despeja a possibilidade de prejuízo inteiramente nas mãos do profissional, e retira das costas do empresário a obrigação de pagar pelas horas que o professor dedicou à preparação de um curso que não se viabilizou.
É claro que, como em todo pacto, quem aceita as condições adversas se sujeita a pagar o ônus do fracasso. E os professores autônomos são justamente os elementos mais fracos dessa estrutura econômica, onde o aluno oferece o pagamento, o empresário fica com o lucro e o professor fica com o risco. Já é tempo de os empresários do Yoga deixarem de lado a covardia de não aceitar a exigência mínima a que todo empreendedor deve fazer face: o risco do empreendimento deve recair sobre o empreendedor, e não sobre a mão-de-obra que ele contrata. E também já está na hora de os professores pensarem um pouco mais antes de aceitar quaisquer condições de risco nos eventos de sua agenda.